15/09/2015
Com pacote fiscal, há chance de Dilma voltar ao jogo

seus desdobramentos. Serão encontrados furos, opções melhores, saídas mais adequadas.
Mas, nas condições em que foi montado, o pacote tem méritos.
Rompe com a inércia e trata a crise como tem que ser tratada, com medidas pontuais, sem enveredar por quebras de direitos assegurados na Constituição de 1988 ou por medidas que possam se tornar permanentes, como a elevação de tributos.
Corta na carne e busca apoio no Congresso para que as emendas parlamentares atendam às políticas prioritárias na saúde e educação.
Retira subsídios de outros tempos, selecionando os setores beneficiados pela desvalorização cambial. E propõe um imposto provisório, com prazo de duração definido em lei.
O pacote tem custos mas poderá significar uma pausa nessa guerra interminável que paralisa a economia. Empresários, base aliada, movimentos sociais e parlamentares de boa vontade terão desde agora uma pauta para discussão.
Como se trata de um braço de guerra em torno de expectativas, haverá uma guerra de argumentos visando desqualifica-lo. E a desqualificação consistirá em comparar as circunstâncias do pacote com aquele que poderia ter sido montado em condições ideais de visibilidade e temperatura.
Dirão que Dilma deixou de consultar Lula, movimentos sociais, presidentes da Câmara e Senado. Dirão que o país não suporta mais aumento de carga. Apontarão injustiças nos cortes, compararão setores que perdem com setores que serão poupados.
Antes mesmo de conhecer o pacote, as duas figuras públicas mais polêmicas da República – Eduardo Cunha e Gilmar Mendes – trataram de desqualifica-lo. E os políticos que incorporaram a cara do novo PSDB – Carlos Sampaio, Aécio Neves e outros – anunciaram que queimarão as pontes do pacote fiscal.
É possível que estejam dando um tiro no pé.
O PMDB de Michel Temer e Renan Calheiros não pretende pular fora do barco de Dilma. Precisa apenas de um sinal de vida – que foi dado pelo pacote. O meio empresarial está exausto de pagar a conta dessa guerra política interminável.
Se a reforma ministerial foi relativamente bem-sucedida, é possível que finalmente se tenha um pouco de paz para desenhar o futuro.
.